A Justiça da Suíça anulou o caso contra Cuca, 35 anos depois de ele e outros três jogadores do Grêmio terem sido condenados pelos crimes de coação e ato sexual com menor. Os casos ocorreram em 1987, durante passagem do time gaúcho pela Europa. Mas e aí? O ex-treinador do Atlético foi inocentado? O BHAZ explica abaixo o caso e retoma atos do processo, que foi revisitado nos últimos anos e chegou a forçar a demissão de Cuca do Corinthians.
O tribunal de Berna-Mittelland anulou a decisão contra Cuca e a tornou pública nessa quarta-feira. Após a saída do time paulista, o treinador contratou advogados e reabriu o caso sob o argumento de que foi julgado à revelia, ou seja sem a presença do réu ou de advogados para representá-lo na ação, e portanto, deveria ser realizado novo julgamento.
“Hoje eu entendo que deveria ter tratado desse assunto antes. Estou aliviado com o resultado e convicto de que os últimos oito meses, mesmo tendo sido emocionalmente difíceis, aconteceram no tempo certo e de Deus”, declarou Cuca o ex-treinador do Galo em nota enviada à imprensa, que ainda foi indenizado em cerca de R$ 50 mil.
O Ministério Público da Suíça discordou da proposta de novo julgamento. A vítima, que na época do caso tinha 13 anos, morreu em 2002, aos 28. Um filho dela preferiu não participar e, com isso, a presidente do tribunal decidiu anular o caso.
Entenda o caso envolvendo Cuca
Em 1987, durante uma excursão do Grêmio pela Europa, Cuca e os companheiros de clube Henrique Etges, Eduardo Hamester e Fernando Castoldi foram detidos sob acusação de terem tido relações sexuais com a garota de 13 anos sem consentimento.
Os quatro foram presos e, após um mês na cadeia, pagaram fiança e puderam retornar ao Brasil. Dois anos depois, no julgamento do caso, eles não estiveram presentes e foram julgados à revelia.
Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão por coação e ato sexual com menor. Fernando teve pena de três meses.
Em abril de 2023, o caso foi revisitado pela imprensa brasileira após o treinador ser contratado pelo Corinthians. Em entrevista ao site ge, do Grupo Globo, a diretora dos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, Barbara Studer, confirmou que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima e que a garota de 13 anos havia reconhecido o treinador durante a investigação, o que ele sempre negou.
A informação que constava no processo já havia sido publicada em 1989 por jornais suíços.
Após ser demitido e reabrir o caso para pedir novo julgamento na Suíça, os advogados de Cuca não entraram no mérito da ação, mas se ativeram em questionar o fato de o brasileiro ter sido julgado à revelia, o que culminou em sua anulação.