Capacidade de produção no Estado cresceu 2.025,7 MW neste ano
Em novembro, Minas foi o estado com maior ampliação da matriz elétrica, com 210 megawatts (MW) acrescidos na sua capacidade de geração de energia, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O número representa mais de um terço da ampliação total do País no mês, de 613 MW. No ano, a expansão mineira é a segunda maior do Brasil, com 2.025,7 MW, um pouco menos que a do Rio Grande do Norte, com 2.035,2 MW.
Ainda segundo a Aneel, 90,4% do crescimento nacional foi proporcionado por usinas eólicas e solares centralizadas. Elas adicionaram 7,6 gigawatts (GW) na geração de energia elétrica em 2023. A evolução total da capacidade, até novembro, chegou a 8,4 GW. Para especialistas, a energia por fontes renováveis é o meio que fará Minas Gerais ter uma participação ainda mais importante no cenário nacional.
O coordenador estadual em Minas Gerais da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bruno Catta Preta, conta que a capacidade mineira atual de geração de energia solar, mais o que está em construção e outorgado, continuará a fazer do Estado uma potência energética no País. “Principalmente quando a gente fala da geração energia solar centralizada. Minas é líder disparado, tem potência de 3.607,1 MW instalada, uma grande quantidade de usinas em construção, e uma grande quantidade em outorga. Minas lidera tanto em funcionamento quanto em construção”, disse.
Atualmente, o Brasil já tem a outorga para a geração de 144,6 gigawatts (GW) em usinas solares. Desse volume permitido, 34,6 GW estão concedidos em solo mineiro.
O Estado tem se destacado na construção de imensas fazendas solares, que compõem a lista das maiores do País. Em julho, a Elera Renováveis inaugurou a maior fazenda solar do Brasil, em Janaúba, no Norte de Minas. São 2,2 milhões de módulos fotovoltaicos, capazes de gerar 1,2 gigawatt-pico (GWp) em uma área de 3 mil hectares. O complexo recebeu aportes de R$ 4 bilhões.
Em agosto foi a vez do complexo fotovoltaico Hélio Valgas, em Várzea da Palma, também na mesma região, mais especificamente no Alto São Francisco. A Mercury Renew, subsidiária do Grupo Comerc Energia, investiu cerca de R$ 2 bilhões em uma área de 1.497,8 hectares, para gerar 662 megawatts-pico (MWp). É a quinta maior usina solar brasileira.
Ainda no Norte do Estado, em Paracatu, o mesmo grupo inaugurou outra fazenda solar este mês. Com investimento de R$ 900 milhões, a usina de São João do Paracatu é capaz de gerar 267 MWp em uma área de 509 hectares.
O crescimento nacional na geração de energia elétrica, até novembro deste ano, foi superior a toda expansão de 2022 (8,2 GW). A marca do ano passado era a segunda maior da série histórica da Aneel, iniciada em 1997.
Geração de energia diversa
Os investimentos em outras fontes renováveis, como energia eólica e solar, ao invés de concentrado na hidrelétrica, tem contribuído bastante para diversificar a matriz elétrica brasileira. “Ano passado, pela primeira vez na história, a matriz hídrica teve um percentual abaixo de 50%. Há poucos anos era responsável por 70%”, aponta Catta Preta.
O coordenador da Absolar explica que diversificar a matriz é passo fundamental para construir usinas geradoras em diferentes regiões. Assim, a energia não tem de percorrer um longo caminho para o destino da demanda. Isso torna o sistema de geração e distribuição mais estável, confiável e previsível.
Menor vulnerabilidade
Além disso, ele também destaca que a produção por outras fontes renováveis diminui a dependência das chuvas, necessárias para deixar os reservatórios das usinas hidrelétricas cheios. “Ao passar por uma crise hídrica, tem que ligar uma termelétrica. Elas são poluentes e caras, usam petróleo e óleo diesel, então a gente aumentando o percentual da matriz, com eólica, solar, beneficia o País inteiro”, afirma Catta Preta.
A previsão é que a energia solar fotovoltaica seja a principal fonte da matriz elétrica do Brasil em 2045.