Economia

Ataques a navios no Mar Vermelho podem afetar exportações

Em MG, soja, carnes, café e minério devem ter custos maiores de frete e seguro

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Mar Vermelho é uma das rotas marítimas mais importantes do mundo e navios já são atacados | Crédito: Reuters

Os ataques a navios comerciais no Mar Vermelho promovidos pelos Houthis do Iêmen podem impactar de forma negativa as exportações brasileiras e de Minas Gerais. Os ataques no Mar Vermelho, considerado uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, podem provocar aumento dos custos com frete, problemas com seguros e dificuldades de transporte. Em Minas Gerais, produtos como soja, carnes, café e minério de ferro podem ter os custos dos embarques alavancados. 

O economista, empresário e doutor em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa e membro da Associação Portuguesa de Ciência Política, Igor Lucena, explica que os ataques a navios no Mar Vermelho impactam as exportações nacionais porque o País é um importante exportador.

Conforme Lucena, no momento atual, há um avanço do governo brasileiro em acordos comerciais no Oriente Médio e também na África. Mas, por outro lado, a situação mina os interesses brasileiros.  

“Quando se tem ataques a navios no Mar Vermelho com produtos exportados pelo Brasil ou, como vimos, de outras bandeiras, como a grega, isso mostra que são indiscriminados. O fato é que isso impacta diretamente as exportações dos nossos principais produtos”.

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Custos das exportações pelo Mar Vermelho podem ser alavancados

Lucena explica que se esse tipo de situação continuar e não houver a segurança de transportes, o comércio internacional do Brasil enfrentará dois grandes desafios: o aumento dos custos de exportação e problemas com seguro. 

“O primeiro impacto é o custo do frete, que vai começar a subir ainda mais. Existem transportadoras que aumentaram em até 50% o custo do transporte para aquela região. Ao mesmo tempo, os custos de seguros ou vão subir ou vão deixar de existir. Isso é muito perigoso. O seguro existe para situações emergenciais e, nesse caso, há o  risco das seguradoras se recusarem a assegurar os transportes pelo Mar Vermelho”.

Para Lucena, entre os produtos exportados que podem ser afetados estão minérios e produtos agrícolas, como o café. Assim, pode haver alta dos preços e perda da competitividade dos produtos. 

“Mesmo que as seguradoras façam o seguro, na prática, isso faz com que o preço final do produto aumente no exterior. Uma consequência pode ser a migração dos consumidores para aquisição em outros países que tenham menor custo de transporte. Pode ocorrer até mesmo a incapacidade futura de exportarmos para aquela região”.

O consultor de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, explica que o maior impacto nas exportações de Minas e do Brasil podem ser os custos. Segundo ele, na região, houve uma alta de 100% nos valores. Com o risco e custo elevado, a tendência é que rotas alternativas sejam mais demandadas, o que também elevará os custos.  

“Certamente os ataques a navios comerciais no Mar Vermelho vão impactar as exportações, principalmente, o sistema de frete do mundo inteiro. No Brasil. ainda não houve impacto porque nossas principais rotas não passam por lá. Assim, as exportações mais afetadas seriam as de produtos agrícolas enviados para Arábia Saudita, como carnes, soja e açúcar, por exemplo”, disse Brito. 

Impacto depende de acordo para cessar-fogo

O professor de economia da Una, Mussa Vieira, explica que a economia mundial tem passado por um momento delicado, com questões políticas e guerras.

“Isso afeta de forma direta as transações comerciais. O Brasil é hoje um grande exportador não só de minério de ferro, mas de alimentos, como soja, milho, frango, entre outros. Sendo um grande exportador de minérios, que abastecem as indústrias asiáticas, europeias e do Oriente Médio, os ataques no Mar Vermelho e as guerras colocam o Brasil em um momento delicado”.

Conforme Vieira, as exportações de minério de ferro, café, carne de frango, carne bovina, soja, milho e petróleo deverão ser afetadas, mas, ainda não é possível dimensionar o impacto. 

“O impacto vai depender, basicamente, do acordo de cessar-fogo que está sendo negociado entre Israel e Palestina, tendo os Estados Unidos como grande negociador. A proporção de quanto isso irá afetar as exportações do Brasil só será calculada depois do período de negociação. Se não houver acordo, acredito que irá impactar muito porque o Iêmen deve intensificar os ataques”. 

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