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Endividamento cai em Belo Horizonte, mas permanece elevado

Levantamento da CNC indica que o principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores da capital mineira é o cartão de crédito

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O principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores de Belo Horizonte foi o cartão de crédito | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo Diário do Comércio

O endividamento das famílias de Belo Horizonte manteve a trajetória de queda em fevereiro. Com resultado 0,3 ponto percentual (p.p.) menor que o observado em janeiro, o índice chegou a 90,3% no mês. Conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no período, cerca de 29,4% do orçamento mensal das famílias estava comprometido com dívidas mensais.

O economista da Núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), Stefan D’Amato, explica que a redução do endividamento em Belo Horizonte ocorre primeiramente por uma melhora no mercado de trabalho, a qual possibilita uma estabilidade financeira das pessoas.

Outro fator que contribui é a diminuição da taxa de juros pelo Banco Central (BC). As reduções recentes do banco promovem um maior acesso ao crédito pela população, o que estimula a quitação dos débitos em aberto. “Adicionalmente, a implementação de medidas governamentais, como programas de transferência de renda ou outras políticas econômicas, pode também estar contribuindo para esse declínio no endividamento”, afirma D’Amato.

Ainda conforme o levantamento, o percentual de consumidores com contas em atraso em Belo Horizonte diminuiu 0,2 p.p. na comparação entre janeiro e fevereiro, somando 49,9%. De maneira detalhada, no caso de famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos, o índice chegou a 52,5%, enquanto para famílias com salários acima dessa faixa de renda, foi de 34,8%.

A pesquisa também mostra que as dívidas estão atrasadas, em média, há 54,2 dias em Belo Horizonte. A maioria das famílias (41,4%) com renda até dez salários está com débitos atrasados entre 30 a 90 dias. Já a maior parte das famílias com renda superior, 58,3%, contém pagamentos em atraso de até um mês.

Inadimplência volta a subir

O levantamento também aponta aumento da inadimplência pela terceira vez seguida, com 11,8% dos respondentes em fevereiro declararem não ter condições de quitar suas dívidas, frente a 10,4% do mês anterior.

O economista da Fecomércio MG explica que essa é uma preocupação significativa para o consumo das famílias, que pode enfrentar restrições de acesso ao crédito. Assim, compras a prazo e financiamento de bens duráveis podem se tornar mais difíceis de serem realizadas. “Isso, por sua vez, pode impactar negativamente o consumo, reduzindo a demanda por produtos e serviços. Além disso, a inadimplência, geralmente, está associada a dificuldades financeiras, o que pode gerar um ciclo negativo de restrição orçamentária, diminuindo a capacidade das famílias de contribuir para o crescimento econômico”, aponta.

Tipos de débito no endividamento em Belo Horizonte

O principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores de Belo Horizonte é o cartão de crédito. Em fevereiro, 91,2% das famílias da Capital comprometeram suas rendas com essa modalidade de pagamento. Para grupos familiares que ganham acima de dez salários-mínimos, o levantamento mostra que 92,7% estão endividadas no cartão. Já os consumidores com rendimentos abaixo de 10 salários, a proporção do endividamento é de 90,9%.

Quanto aos tipos de dívida das famílias da capital mineira, o levantamento da CNC mostra a diferença no endividamento entre diferentes faixas de renda. Para as que recebem até dez salários, a principal dívida após o cartão de crédito são os carnês, com 25% das menções dos entrevistados. Já para consumidores com renda superior a este patamar, a dívida mais importante são os financiamentos de veículos, citados por 23,5% das pessoas nessa categoria familiar.

Stefan D’Amato aponta que a continuidade dos cortes da taxa de juros pelo BC pode reconfigurar o cenário para as famílias com renda inferior a dez salários. “Pode propiciar um ambiente propício à diversificação das opções de crédito disponíveis para essa faixa de renda. Essa mudança pode influenciar significativamente as escolhas de endividamento, possibilitando a adoção de alternativas mais vantajosas”, explica.

E para as famílias de Belo Horizonte mais abastadas, as reduções dos juros podem impulsionar o consumo de um produto que já conta com grandes despesas. “Essa redução tornaria o financiamento de veículos mais atrativo, potencialmente alterando a composição das dívidas para esse estrato econômico mais elevado”, completa D’Amato.

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