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Endividamento e inadimplência caem em Belo Horizonte

Na Capital, houve recuos nos dois índices em dezembro passado frente a novembro, segundo Fecomércio MG

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Percentual de consumidores com contas em atraso foi de 52,6% em dezembro | Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

O endividamento e a inadimplência das famílias de Belo Horizonte mantiveram a tendência de queda em dezembro passado. É o que mostra levantamento divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG). Os recuos na comparação com novembro de 2023 foram de 0,6 ponto percentual (p.p) e de 0,7 p.p, respectivamente.

O economista-chefe da entidade, Stefan D’Amato, ressalta que o endividamento registrou redução pelo sexto mês consecutivo, apesar de persistir em níveis elevados, atingindo 91,1% da população no último mês de 2023. Em novembro, o patamar era de 91,7%. O pico de 2023 aconteceu em junho, quando chegou a 94,9%.

“Essa trajetória decrescente é, no entanto, mitigada pela significativa dependência do crédito para despesas cotidianas, como as compras mensais”, observa. O levantamento mostra que muitos consumidores pagam contas com cartão de crédito e o utilizam para as compras do mês.

D’Amato explica que a redução no número de indivíduos endividados é fruto do aumento significativo na capacidade de pagamento da população, impactado pela melhoria das condições econômicas, como aumento do emprego e da renda.

Nesse contexto, o comprometimento médio do orçamento mensal apresentou uma leve queda, atingindo a marca de 28,1%, o que representa uma redução de 0,1 ponto percentual com respeito ao mês anterior.

Em comparação com o mesmo período do ano anterior, esse valor está 3,5 pontos percentuais abaixo, indicando uma expressiva diminuição na proporção da renda destinada ao serviço da dívida.

Endividamento

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e analisada pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, mostrou também que o número de consumidores com contas em atraso chegou a 52,6% do total em dezembro de 2023 em Belo Horizonte, enquanto que em novembro era de 53,3%.

Já o número daqueles que não terão condições de quitar suas dívidas somou 9,9% e representou um aumento de 0,4 ponto na comparação com novembro (9,5%). “Apesar do crescimento frente ao mês anterior, a taxa de 9,9% foi a segunda menor taxa já registrada”, frisa o economista. Ele acrescenta que o dado indica uma perspectiva positiva em relação à capacidade de pagamento dos consumidores.

D’Amato explica que o endividamento é um indicador que mostra o quanto os consumidores estão se comprometendo com financiamento de imóveis, carros, empréstimos e cartão de crédito, entre outros.

E o índice de inadimplência retrata o percentual de consumidores que possuem dívidas e estão com elas em atraso. “Essa variável é a mais preocupante, pois mostra que as pessoas não estão conseguindo honrar suas dívidas”, ressalta.

O economista destaca que o consumidor de Belo Horizonte está passando por uma mudança no padrão de pagamento, com os carnês ascendendo, desde fevereiro de 2023, como a segunda modalidade mais prevalente, especialmente entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos.

Principal compromisso financeiro é o cartão de crédito

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostrou que 42,5% dos consumidores da capital mineira consideram-se pouco endividados. O principal compromisso financeiro assumido é o cartão de crédito. Em dezembro de 2023, 90,1% se comprometeram nesta modalidade. 

O índice de inadimplência de Belo Horizonte é 16,3% maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos (54,8%) do que em famílias com salários maiores (38,5%).  

Dos endividados, 42,1% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso. O percentual de famílias que acreditam que não terão condições de quitar as dívidas em atraso tem maior participação daquelas com renda igual ou inferior a dez salários mínimos (11,2%) em relação às de maior salário (3,4%).  

Considerando os indivíduos com dívidas atrasadas, 18,9% entendem que não terão condições de honrar, no próximo mês, com os compromissos adquiridos. Entre as famílias com contas pendentes, 24,3% afirmam que essas contas ultrapassam 90 dias.  

A Peic também mostra que as dívidas estão atrasadas, em média, há 50,9 dias. Para 68,2% das famílias, os compromissos financeiros se estenderão por tempo igual ou superior a 90 dias. O tempo médio de comprometimento de renda é de 6,4 meses. Em média, as dívidas comprometem 28,1% do orçamento do mês. 

Perspectiva

O economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), Stefan D’Amato, observa que a melhora do dinamismo da economia impacta o consumo e, logo, nos índices de endividamento e inadimplência. Dessa forma, o ritmo da economia em 2024, além do programa do governo federal Desenrola Brasil, deve ajudar a reduzir esses índices.

“Agora, também não podemos esquecer da questão da cultura financeira no endividamento e na inadimplência. Afinal, há pessoas que, com mais renda, acabam se arriscando mais e se endividando. Ter uma reserva de segurança é importante para tentar evitar a inadimplência em situações que podem acontecer, como o desemprego”, aconselha.

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