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Lula erra ao falar sobre meta fiscal e desprestigia medidas arrecadatórias de Haddad, diz economista

Em entrevista ao Jornal da Manhã, Roberto Dumas, professor de economia internacional do Insper, relembra que o próprio governo estabeleceu meta de déficit zero, projeta impacto na agenda do Ministério da Fazenda e faz apelo por corte de gastos no governo

Reprodução/Jovem Pan Newseconomista-roberto-dumas-reproducao-jovem-pan-news
Economista Roberto Dumas falou sobre as declarações de Lula em entrevista ao Jornal da Manhã

O Ibovespa entrou em trajetória de queda na tarde desta quinta-feira, 27, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar que dificilmente sua gestão vai conseguir garantir que as contas públicas terminem 2024 com déficit zero, meta prevista no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024. “O que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso te dizer é que ela não precisa ser zero. O país não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para este país”, afirmou o presidente. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o professor de economia internacional do Insper, Roberto Dumas, criticou a fala do petista: “O governo erra novamente, é um desprestígio para o Haddad, que está querendo levantar R$ 168 bilhões”. “Foi uma declaração no mínimo espantosa, e essa discussão de que o governo pode fazer tudo, gastar e que a curva de juros não vai subir já deveria estar nas catacumbas da década de 70”, acrescentou.

“É uma declaração de menosprezo. Quem decidiu em relação a quanto seria o déficit fiscal, ou superávit fiscal, que seria zero, foi o governo. Acabou de falar em agosto que deveria ter uma meta de zero e agora chega em outubro dizendo que não vamos atingir essa meta. Depois fala que o mercado fica nervoso, mas é importante deixar claro o seguinte: o mercado não é um ente que vem do nada, o mercado somos nós. Quem compra título público somos nós. O discurso do começo do ano era de que era uma estupidez ter teto de gastos, e o mercado comprou, vamos fazer o arcabouço fiscal. O Haddad estava fazendo um trabalho de tentar chegar no equilíbrio das contas públicas em 2024. Para isso, ele estava tentando levantar, limpo, R$ 168 bilhões de receita. Aí o governo fala ‘nós prometemos, mas não vamos atingir’”, explicou.

A execução do PLOA de 2024 se apresenta como um dos grandes desafios para o governo. A medida tem como principal objetivo garantir que as contas públicas terminem o ano com déficit zero, ou seja, que os gastos sejam iguais à arrecadação. Para conquistar esse objetivo, o governo conta com aprovação de algumas medidas que tramitam no Congresso, como a taxação das offshores e dos fundos fechados, conhecidos como super-ricos. Na mesma declaração, Lula afirmou que o mercado é “ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida” e que não vai cumprir a meta fiscal caso isso signifique fazer cortes em investimentos. Na análise de Dumas, esta visão está equivocada. “É falacioso achar que cortar vai piorar a economia. Não, na hora que você corta a taxa de juros cai e o setor privado desempenha o papel de investidor em formação bruta de capital”, argumentou. O economista também criticou o excesso de arrecadação promovido pelo governo: “É tudo para aumentar a receita. A hora que vê a dívida pública de R$ 5,9 trilhões, a pergunta que fazemos é: não tem nada para cortar? Absolutamente nada para cortar? É aumentar mais ainda e botar a culpa nos outros, naquele que está financiando seu déficit (…) Isso não é teoria, não é ideologia, não é ciência de foguetes. Se você fala que vai gastar mais, o risco fiscal aumenta, os juros aumentam e prejudica as contas públicas”.

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