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O impacto da onda de calor na geração de energia solar

As altas temperaturas registradas no País têm elevado o consumo de eletricidade a níveis históricos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)

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Painel solar tem sido uma alternativa recorrente para quem deseja reduzir a tarifa da conta de luz | Crédito: Vagner de Oliveira Pereira/Divulgação

A onda de calor que paira sobre Minas Gerais e o restante do Brasil tem contribuído para o aumento do consumo de energia solar por meio de painéis fotovoltaicos em residências e empresas. Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam que já em setembro, o consumo de energia limpa em todo o País registrou aumento de 6,2%, frente ao mesmo período do ano passado. Isso corresponde a 68.306 megawatts médios consumidos.

O Brasil possui atualmente mais de 35 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia em telhados, fachadas e pequenos terrenos, o equivalente a 15,9% da capacidade instalada da matriz elétrica do País, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Segundo análise do Portal Solar, franqueadora com mais de 200 unidades espalhadas pelo País e cerca de 20 mil sistemas fotovoltaicos instalados, o aumento constante de temperatura no País, que se intensificou nas últimas semanas, tem gerado uma mudança significativa no perfil dos consumidores.

“Depois de algumas oscilações no mercado brasileiro de energia solar distribuída, percebemos uma retomada importante nos pedidos de instalação de painéis solares em nossas unidades de franquia. E um dos motivos está ligado a onda de calor e até as mudanças climáticas mais severas, como as fortes chuvas do começo do ano e dos últimos meses, que inclusive causaram vários blecautes e deslizamentos de terras”, comenta o CEO do Portal Solar, Rodolfo Meyer.

O especialista em energia solar, Wallace Guerra, complementa que uma das dúvidas mais comuns do público que deseja adquirir painéis solares, é se o equipamento funciona apenas em dias extremamente ensolarados. Ele explica que isso não é verdade, pois a principal fonte de energia dos painéis vem da luz solar, que está presente, inclusive, nos dias frios. “Mesmo nos dias com menos presença visual do sol, ainda é possível que os painéis gerem e produzam energia”, explica.

Segundo Guerra, a captação dos raios solares normalmente depende das condições climáticas que podem gerar mais ou menos energia. “Nos dias chuvosos ou nublados também há produção de energia, só em volume reduzido, uma vez que as nuvens e a própria chuva atrapalham a passagem dos raios solares até a absorção das placas”, pontua.

Já à noite, quando não há incidência solar, o sistema não produz energia. Segundo o especialista, nestes momentos, o proprietário da residência ou de um estabelecimento comercial utiliza a energia da rua, como todos os demais.

Onda de calor

A atual onda de calor que afeta o País tem elevado o consumo de eletricidade a níveis históricos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O movimento pressiona ainda mais o recurso hídrico na matriz elétrica nacional. 

Além disso, a elevação da perspectiva de um El Niño mais severo no Brasil e na própria América do Sul, conforme projeções, deve impactar o preço da energia elétrica aos consumidores brasileiros no próximo ano, justamente pela possibilidade de baixa dos reservatórios hidrelétrico e o consequente acionamento de usinas termelétricas a base de combustíveis fósseis, que são caras e poluentes. Com isso, o mercado de energia solar deve entrar em novo círculo virtuoso no próximo ano, com crescimento em níveis mais robustos.

“Ainda há uma incerteza no preço da tarifa de energia para os brasileiros em 2024, mas a previsão de um ciclo climático mais rigoroso e a baixa densidade de chuvas, certamente vai ampliar a demanda pela energia solar como alternativa de segurança de suprimento e redução de gasto”, explica CEO do Portal Solar.

Sustentabilidade na geração de energia limpa

Para o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, a fonte solar é uma ferramenta de desenvolvimento social, econômico e ambiental do País. Segundo ele, a alternativa é considerada uma oportunidade por fazer uso da tecnologia, atendendo, inclusive, aos interesses sociais de uma população.

“Além também de contribuir no processo de descarbonização da Amazônia com utilização conjunta de baterias, o crescimento da fonte solar pode acelerar ainda mais a atração de investimentos, a geração de empregos e renda e a liderança internacional do Brasil na transição energética”, afirma.

Um dos exemplos recentes de mudança sustentável partiu do mecânico de automóveis Vagner de Oliveira Pereira, morador de Sete Lagoas, na região Central do Estado. Ele explica que precisou instalar, há dois anos, cinco placas de energia solar em sua oficina, e que a solução tem reduzido as contas.

Chave de controle dos paineis solares instalados por Vagner Pereira em sua oficina, em Sete Lagoas | Crédito: Vagner de Oliveira Pereira/Divulgação

“Antes, meu consumo era de R$ 450 ao mês. Hoje já consigo fechar a conta de luz no preço de R$ 170, às vezes R$ 150″, diz. “O que não dá é continuar dependendo de energia elétrica apenas. A melhor solução foi buscar uma economia em que, além de tudo, atende de uma forma mais acessível até nos dias de mais calor como os que estamos tendo”, conclui.

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