Setor de transportes está insatisfeito com a volta da cobrança integral do PIS/Cofins
O setor de transportes não ficou satisfeito, apesar da redução de R$ 0,30 por litro no preço do diesel, anunciado nesta terça-feira (26) pela Petrobras. Para o Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), a mudança não terá o efeito desejado, já que a volta da cobrança do PIS/Confins no preço do combustível fará com que a queda pela redução da petrolífera seja compensada com o aumento pelo retorno dos impostos.
Além disso, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg) considera que o impacto dessa redução será muito pequeno frente ao aumento expressivo do custo do combustível nos últimos anos.
“Historicamente, o diesel nunca foi mais caro do que a gasolina. E nem com esse novo governo agora, não está dando conta de manter o diesel em um valor adequado, que seria ideal”, declara o presidente do Sindtanque, Irani Gomes. Ele conta que o custo do insumo pesou durante todo o ano para o setor. Atualmente, o preço do combustível fóssil representa quase 40% do custo do transporte e deveria representar, no máximo, 20%, segundo o sindicato.
Esses 20% a mais entram como déficit para o setor. A redução do preço poderia amenizar os desafios em equilibrar as contas, mas, logo em janeiro, o retorno da cobrança do PIS/Cofins desanimou os transportadores. “Essa redução aí vai acabar que a volta dos impostos vai ‘comer’ o que a Petrobras está dando de baixa no diesel. Automaticamente, o que está dando agora, o imposto vai ‘comer’”, disse Gomes.
Zeradas desde 2021, as alíquotas de PIS/Cofins adicionarão aproximadamente R$ 0,33 por litro do diesel e biodiesel.
Segundo análise de Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, especializada em relatórios e análises de preços para o mercado de combustíveis, agricultura, fertilizantes, gás natural e energia elétrica, a redução deve deixar o diesel S10 da Petrobras um pouco abaixo do preço do diesel russo, ao considerar a alta das cotações internacionais.
Mistura do biodiesel
O presidente do Setcemg, Antonio Luis da Silva Junior, critica também o aumento da proporção do biodiesel na composição do combustível, de 10% para 12%, determinado pelo governo federal. O setor considera a mistura prejudicial aos motores dos caminhões. “A gente entende que o aumento da participação vai piorar a qualidade dos motores. Estraga (o motor) e acho que eles não olharam tecnicamente. Na verdade, se preocuparam só com o custo e com o lobby das empresas”, afirma.
O presidente do sindicato também comentou que o reajuste para baixo é benéfico para os transportadores, mas ainda é muito pequeno para impactar significativamente. “Trinta centavos é muito pouco. Ainda tem que ver no posto de gasolina quanto vai chegar. Óbvio que ele reduz o frete, tem impacto no frete, mas acho que o impacto é muito pequeno. Não é significativo”, finaliza Silva Junior.