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TECNOLOGIA, PARA ONDE ESTAMOS INDO?

Cientista da Computação Maicon Ribeiro fala sobre Inteligência Artificial, chatGPT e Metaverso

CARATINGA- Inteligência Artificial. ChatGPT. Metaverso. Para onde estamos indo? Avanços na interação humano-máquina. O que ainda pode parecer uma ideia futurista para o público geral, já é realidade em diversos setores industriais e empresariais.

Maicon Ribeiro, que é formado em Ciência da Computação e especialista em gestão de TI desvenda esse universo para os leitores do DIÁRIO. Ele trabalha há cerca de nove anos como professor do curso de Ciência da Computação da Rede de Ensino Doctum e, desde 2019, atua ainda como coordenador do curso.

Além disso, Maicon desempenha atividades na área de Desenvolvimento de Softwares há 11 anos: sendo cinco anos como desenvolvedor de Software, quatro anos como supervisor de Desenvolvimento e há dois como gerente de Desenvolvimento de Software.

O que está por trás da Inteligência Artificial?

Na verdade, a Inteligência Artificial é mais antiga do que as pessoas geralmente imaginam. Nós temos o hábito de pensar em IA com aquela noção que os filmes nos dão, mas ela está presente em vários sistemas há muito tempo. Em resumo, trata-se de uma forma de lidar com conjuntos de informações e propor soluções baseadas em na análise de dados. É muito útil para entregar respostas mais personalizadas.

Quando você acessa um serviço de streaming como Netflix ou YouTube e ele sugere vídeos ou filmes que você provavelmente vai gostar, ali há um software de IA que analisou seu comportamento dentro daquela plataforma, montou uma ideia do seu perfil e te sugeriu conteúdos considerando suas preferências.

A justificativa é óbvia: fazer com que aquele serviço seja agradável a você, para que você acesse sempre e permaneça o máximo de tempo usando aquela plataforma.

Pelos debates sobre a área e até mesmo pelos filmes que mexem com o imaginário das pessoas, parece que a sociedade tem muito receio da Inteligência Artificial e dos robôs. Esse medo tem fundamento?

O medo geralmente está ligado a possibilidade de que softwares de IA sejam capazes de tomar decisões além daquelas para as quais foram programadas e consigam de alguma forma se rebelar contra quem as criou.

A verdade é que esse medo faz pouco sentido. Quem cria uma ferramenta de IA, o faz com algum intuito, planejando que ela preste algum serviço específico. Para que ela se rebelasse e começasse a tomar decisões além do que ela foi programada, ela precisaria primeiro ser programada para essa ação (a ação de se rebelar), o que seria um paradoxo, porque não há rebelião se ela fizer o que foi programada para fazer.

Há um detalhe a ser considerado, uma criança, por exemplo, quando não tem nada para fazer, ela inventa algo. A criatividade vem à tona quando não há regras bem definidas do que fazer. Um software (ou robô) não. Se não há regras estabelecidas do que fazer e como fazer ele não faz nada.

Imaginar que um robô ou um software faria algo muito além do que foi programado é parecido com imaginar que um martelo vai começar sozinho a escrever um livro. É improvável e vai além das possibilidades do martelo, embora sempre exista a possibilidade de um ser humano usar uma ferramenta para uma finalidade inapropriada.

Pequenos e médios negócios também podem se beneficiar da Inteligência Artificial?

Cada vez mais sim. Historicamente, a IA vem sendo utilizada no tratamento de conjuntos grandes de dados, o que limitava seu uso em ambientes nos quais se têm muitas informações digitais. Mais recentemente surgiram ferramentas de IA, que nos oferecem usos mais genéricos, assim, podendo ser usadas por qualquer pessoa.

Mesmo uma empresa pequena, como uma padaria, farmácia ou mercadinho pode usar ferramentas de IA para gerar imagens para realização de marketing ou utilizar chatbots para atender seus clientes via redes sociais.

Você poderia citar algum exemplo bem-sucedido de uso da IA em empresas?

Poderia citar muitos e seguramente todos conhecem ferramentas de IA em uso, embora não saibam de que se trata de uma Inteligência Artificial.

Quando você realiza uma pesquisa sobre uma roupa que pretende comprar, nos próximos dias você verá nas suas redes sociais, no seu navegador de internet, no seu e-mail e até mesmo no seu celular por meio de mensagens, propagandas voltadas para esse produto. Embora seja válida a discussão acerca da invasão da sua intimidade, é verdade que esse tipo de ferramenta funciona: Quem quer vender a roupa vai chegar mais facilmente ao comprador e você que deseja comprar, terá acesso a promoções e, possivelmente, encontrará o que busca.

O Metaverso, uma realidade virtual compartilhada em que os usuários podem interagir em uma vida digital alternativa, estava no auge de um ciclo de “hype” e, agora, parece estar se estabilizando, com a ascensão da IA. Os dois conceitos se complementam ou há obstáculos para aplicá-los juntos?

São dois conceitos distintos, mas que podem ser usados juntos. O Metaverso tem intenção de oferecer um ambiente virtual, no qual as pessoas e empresas se relacionem virtualmente. De certa forma, é uma extrapolação do conceito de rede social, como o Instagram ou Facebook.

Novamente, a inteligência artificial oferece formas de criar produtos ou serviços em ambientes como esse. Logo, é natural que se tenha seu uso inserido no metaverso.

A Inteligência Artificial foi impulsionada pela popularidade de chatbots como o ChatGPT. Como esta ferramenta funciona? Ela representa uma nova era na interação entre seres humanos e computadores?

Ainda é muito cedo para falar de uma nova era na interação entre humanos e máquinas. O chat GPT é uma ferramenta de chatbot: De forma simplificada, uma ferramenta que conversa com o ser humano, sobre qualquer assunto.

Ferramentas como o chatGPT existem há alguns anos, o que chama atenção no chatGPT, especificamente, é a capacidade de lidar com linguagem natural. Isso é, o quanto ela responde num idioma e com uma linguagem parecida com a que nós utilizamos. Isso surpreende as pessoas e assusta um pouco. Não existia até o momento um chatbot (ao qual tanta gente tivesse acesso), que respondesse de forma tão parecida com a de um humano.

Cabe observar que o chatGPT se propõe a dar respostas para qualquer assunto, o que significa que se você o utilizar para te dar respostas de assuntos simples, ele funcionará bem, mas se você se propor a “conversar” com ele de assuntos mais complexos, ele terá alguma dificuldade e a qualidade das respostas cairá.

Como o Brasil está posicionado em relação à Inteligência Artificial? Quais são os principais desafios?

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial se popularizou e isso fez surgir mais pesquisadores interessados em desenvolver estudos sobre o tema. E a existência de novos pesquisadores fez popularizar ainda mais a IA. Virou uma relação, onde a causa e a consequência se confundem.

São necessários investimentos, criar escolas de formação de profissionais preparados para uso de IA; oferecer essa formação nas escolas para o Ensino Médio e mostrar principalmente aos jovens que essa é uma área em ascensão.

Dada a minha experiência como professor, vejo cada dia mais alunos chegando à faculdade com interesse por essa área, é ótimo! Mas, o número de alunos poderia ser maior.

Também será cada vez mais urgente evoluirmos nossa legislação para tratar de crimes ocorridos em ambientes virtuais. Não que isso tenha relação direta com a Inteligência Artificial, mas são dois assuntos que andam de mãos dadas.

Com todas essas novidades, o futuro é humano?

Sem dúvida! Não há desenvolvimento de qualquer ferramenta incluindo as de IA sem a existência de pessoas que se propõem a fazê-lo.

Mesmo ambientes criados para que as relações humanas sejam mais virtuais, também são ambientes para criar novas formas de relações humanas. Isso mostra que as ferramentas de TI são criadas pelo ser humano e para o ser humano. Não há outra forma de criá-las e não há quem as usaria não fossem os humanos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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