Economia

Hotéis e restaurantes podem viver “caos” por falta de mão de obra

Presidente do Sindhoteis BH diz que bares, restaurantes e hotéis sofrerão no fim do ano com falta de profissionais

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Somente nos hotéis, existem hoje 2.500 vagas abertas em Belo Horizonte; último trimestre ao ano é grande preocupação | Crédito: Adobe Stock

Os setores de hotéis, bares e restaurantes da Capital vivem aquela que pode ser a maior crise de mão de obra da última década e que, por conta disso, podem ter uma queda na qualidade do atendimento nos últimos meses de 2023. O cenário foi apresentado nessa quinta-feira (19) pelo presidente do SindiHBaRes e SindHotéis de BH e Região Metropolitana, Paulo Cesar Pedrosa.

Segundo ele, Belo Horizonte tem hoje 7 mil vagas abertas nos hotéis, bares e restaurantes, sendo 2.500 somente nos hotéis. Juntos, os setores empregam 45 mil pessoas na Capital.

Pedrosa culpa, principalmente, os aplicativos de transporte e delivery pela retirada de profissionais que antes eram garçons, camareiras e recepcionistas. Segundo ele, a quantidade de microempreendedores individuais (MEI) tem dificultado a atração das pessoas em trabalhar nos hotéis, já que os empregos oferecidos como CLT não têm a flexibilidade do MEI.

“As pessoas foram para os aplicativos, fora, ser MEIs. Belo Horizonte é a terceira capital do País em abertura de pequenos negócios. Muita gente está abrindo sua própria empresa em casa. Com ajuda do governo também, a pessoa não está preocupada com carteira assinada”, queixa-se Pedrosa. Ele também disse que outro fator que desincentiva a mão de obra é a necessidade de trabalho aos domingos.

Remuneração

Uma das ações que o sindicato pretende tomar é discutir com empresários do setor um aumento na remuneração média dos trabalhadores. Uma nova convenção será feita até mesmo com o setor de comércio. “Acho que precisamos melhorar o salário, ver o que eles querem. Está difícil, não que o salário esteja tão baixo, as convenções coletivas estão aí para dizer. E há muito tempo, na hotelaria principalmente, os menores salários – que são de camareiras – são acima do piso da categoria”, disse o presidente.

Ele comentou que um grande parceiro dos setores é o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Minas), que qualifica pessoal para atender a área. Mas, se nos tempos áureos das contratações o Senac formava 2 mil profissionais no ano, hoje não consegue fechar novas turmas, que precisam de apenas 15 integrantes para iniciar. “Tudo passa pelo Senac Minas e nós vamos incrementar mais ainda. Mas nem lá está conseguindo preencher os cursos”, afirma.

Fim de ano

Este último trimestre de 2023 é grande preocupação do sindicato. Pedrosa conta que o setor hoteleiro belo-horizontino vive um “boom” neste ano, mas, com grandes eventos previstos na cidade e 2.500 vagas não preenchidas nos hotéis, o atendimento certamente será sobrecarregado. “Cai a qualidade do atendimento, sem dúvida. Porque onde trabalham 10, eu vou ter 7 ou 8 trabalhando. Não acho mão de obra. Esse é um problema. Eu acredito que o Brasil todo está enfrentando”, esclareceu.

Ele recomenda que os empresários do setor treinem novos profissionais o quanto antes, contratem e mantenham os trabalhadores. “E com boa remuneração, porque tudo indica que vai ter uma crise violenta de mão de obra. E o setor está crescendo muito, até os restaurantes e bares estão em amplo crescimento”, argumenta.

Mea-culpa

Paulo Cesar Pedrosa considera que o setor hoteleiro cometeu um erro ao dispensar os trabalhadores temporários após o Carnaval, quando foram contratadas 5 mil pessoas. Para o próximo ano, a recomendação será outra. “Essa vai ser a recomendação do sindicato: que a mão de obra contratada para o evento fique fixa para não enfrentarmos esse problema. O Carnaval em 2024 começa mais cedo e, então, acho que os empresários têm que se conscientizar em segurar a mão de obra”.

O presidente do sindicato finalizou dizendo que novos empreendimentos enfrentarão um sério problema de mão de obra caso o cenário não mude: “Ou então eles vão ter que remunerar mais e retirar de outras empresas. É um problema sério. Não só de hotelaria, como restaurantes também”

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